O município de Quissamã, no Norte Fluminense, arrecadou R$ 153.214.067,96 apenas no primeiro quadrimestre de 2025 — um superávit de mais de R$ 10 milhões em relação ao mesmo período de 2024. A informação foi apresentada recentemente pela Secretaria Municipal de Fazenda, durante audiência pública na Câmara Municipal.
Apesar da arrecadação milionária, a população não vê melhorias. Pelo contrário: mesmo com os cofres cheios, vereadores alegam que o prefeito Marcelo de Souza Batista (PP) interrompeu obras importantes, está atrasando pagamentos a fornecedores e terceirizados, e encerrou o programa de primeiro emprego, demitindo mais de 200 jovens, segundo moradores.
Há ainda relatos de falta de alimentos nas escolas e creches. Itens básicos, como sabonetes e lenços umedecidos, estão sendo solicitados às famílias das crianças. Com apenas cinco meses de gestão, a administração já é considerada por muitos como desastrosa.
“O problema não é dinheiro. Ele não sabe administrar, e quem está mandando é gente que não entende nada”, afirma um morador do bairro de Barra do Furado — local decisivo para a apertada vitória de Batista sobre o ex-prefeito Armando Carneiro.
No bairro Caxias, a moradora Ana da Silva relata que uma obra de saneamento e urbanização está parada há meses, deixando as ruas tomadas por lama e poeira. “Falta administração e responsabilidade”, diz ela, indignada com o descaso da prefeitura.
Durante a campanha, Batista prometeu triplicar os investimentos em programas para a juventude, mas fez o oposto: extinguiu as iniciativas existentes, deixando centenas de jovens desempregados e sem perspectivas.
Com a paralisação de obras, cortes em programas sociais e atraso nos pagamentos de terceirizados, o impacto já chega ao comércio local, que enfrenta queda nas vendas e fechamento de lojas.
Na Câmara, o vereador Marquinho de Mariquita vem repetindo semanalmente: “A cidade está morta e o comércio agonizando, mas dinheiro não falta — a arrecadação aumentou em mais de dez milhões em apenas quatro meses.”
Enquanto a população sente os efeitos da má gestão, os recursos continuam a entrar — mas sem retorno em serviços, obras ou políticas públicas. Afinal, o que está acontecendo com Quissamã?
A equipe do Manchete RJ entrou em contato com a assessoria do prefeito Marcelo Batista, solicitando um posicionamento sobre a matéria, mas não obteve resposta até o fechamento desta publicação.